O que é independência financeira para mim
Existem muitos níveis de independência financeira.
Marden
12/16/20245 min read
O fato de você ter uma renda já te coloca em algum grau de independência. A partir desse ponto, você consegue decidir o que quer fazer com o dinheiro sem que outra pessoa precise autorizar.
Ter essa independência é o sonho de muita gente, e também o primeiro objetivo quando ainda somos jovens em busca do primeiro emprego.
Mas, existem outros degraus além desse, que vamos subindo ao longo da vida. Posso te apresentar cada um deles? Quem sabe, assim, você encontra uma independência para chamar de sua.
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Depois de ter começado a trabalhar, percebi que não chegou só uma fonte de renda, chegaram também várias responsabilidades. Contas que precisamos honrar, vencimentos para administrar. E, claro, chegaram também os imprevistos.
O nome é bastante intuitivo, mas imprevistos são aquelas despesas que chegam de repente, e, como algumas pessoas dizem “nos pegam de calça arriada”. Acho, inclusive, essa analogia muito engraçada, porque eu imagino sempre uma pessoa de calça arriada tentando correr, sabe? As pernas se enroscam e rapidamente a pessoa vai começando a catar cavaco antes de tomar um tombo logo mais adiante. Eu sei, é um humor meio sádico digno de pegadinhas do Faustão, mas me pega muito toda essa bobeira.
Mas, voltando aos imprevistos. Existem diferentes tipos de imprevistos. Existem aqueles que a gente consegue lidar com a nossa renda e organização do próprio mês. Por exemplo, um gasto que chegou mas que pode ser passado no cartão de crédito e, no mês seguinte, esse gasto extra é pago na fatura, dando tempo para que possamos nos organizar até lá.
Porém, nem todo imprevisto é assim…”acomodável”.
Existem emergências que precisam de um dinheiro a mais, que não temos no momento. E aí, de onde viria? Poderia ser de um pai, ou mãe, filho, irmão, ou amigo. Ou mesmo do banco, com juros, mediante um empréstimo pessoal, por exemplo.
Porém, nenhuma dessas opções é boa. É muito ruim ter que pedir dinheiro para alguém. A gente se sente envergonhado, e isso coloca a relação num patamar maior de estresse, se já não estiver lá essas coisas. É por isso que é sempre bom ter um patamar de independência superior.
Antes de contar com um banco, eu conto comigo mesmo, no meu “banco particular”, que é a minha reserva para emergências. Ao longo de todos esses anos trabalhando, sempre me esforcei para poupar um pouquinho para ter uma reserva que cobrisse pelo menos um mês do meu custo de vida. Não foi fácil acumular essa quantia, mas ela me salvou diversas vezes dessa situação chata de ter que pedir para alguém.
Na verdade, confesso que sequer me lembro da última vez que pedi dinheiro para alguém. A maior parte das minhas urgências foi bem abraçada por essa reserva.
Mas, claro, se eu pego de lá em um mês, preciso repor o quanto antes. É como uma dívida comigo mesmo. Porém, sem juros e sem nenhuma relação colocada em “risco”. Olha que maravilha.
Por isso, eu diria que o segundo patamar de independência que todos devem perseguir é este: ter uma reserva de emergências, ou melhor, seu banco particular. Acredite em mim: isso vai te proteger em incontáveis situações…
Mas, e depois disso? O que vem? Falta mais algum degrau?
Sim, o mais alto de todos, ao meu ver. E que eu mesmo estou perseguindo. O da independência do meu próprio trabalho.
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Trabalhar me gera o sustento. Sem trabalho, nem mesmo a minha reserva de emergência poderia suportar tanto tempo e, em algum momento, eu precisaria pedir dinheiro para alguém.
É claro que trabalhar também é algo que me dignifica, e que me sinto bem podendo ser útil para a sociedade de alguma forma, mas, sejamos sinceros: todos nós buscamos liberdade para usar o nosso tempo como desejamos. Existe tanto coisa bacana na vida… Lugares para conhecer, pessoas com quem desejamos estar… Mas, a vida inteira precisamos gerenciar o nosso tempo para ir tendo, aos pouquinhos, um pedacinho disso no final de semana e nos feriados - e olhe lá, até que nos aposentamos. E esse é o ciclo de vida, supostamente.
Mas, existe um caminho alternativo. Ele é desafiador porque coloca mais ainda em cheque os nossos desejos do hoje em conflito com a vida que queremos ter no futuro. Mas, existe: o caminho da independência financeira por meio do patrimônio acumulado.
Além de obter uma reserva de emergência, existem outras razões para guardarmos dinheiro. Afinal, existem muitas coisas que queremos conquistar que dependem de algum dinheiro acumulado, como dar entrada em um imóvel. Porém, o degrau a mais que estou te apresentando está um pouco além disso.
Construir patrimônio é como plantar uma árvore. Depois de crescida, uma árvore gera frutos para você, que pode consumí-los livremente. Um pé de manga tem o seu propósito: gerar mangas. E arrancar uma manga do galho não fará com que a árvore morra. Pode comer sem culpa.
Agora imagina isso na sua vida financeira?
Conquistar certo patamar de patrimônio acumulado é como ter essa árvore crescida. As remunerações que “brotam” desse patrimônio chegam até você, que pode consumí-las sem o receio de estar destruindo tudo que conquistou.
Essas remunerações têm vários formatos. Se você é sócio de empresas bem sucedidas, você poderá receber dividendos. Se comprou imóveis e os colocou para alugar, seja para fins residenciais ou comerciais, agora você recebe alugueis. Se realizou aplicações financeiras, os rendimentos delas também representam esses frutos. E se você fez os três… Bom, você jogou o jogo da diversificação.
Agora, imagine só: você acumulou esse patrimônio e agora pode viver desses frutos: como seria sua relação com o trabalho?
Nesse cenário, você não precisaria da sua renda ativa, isto é, aquela que depende das suas horas de trabalho, para garantir o seu sustento. Nesse momento, a renda passiva, ou seja, que é gerada pelo seu patrimônio e não pelo seu trabalho, como um direito seu, seria suficiente para arcar com seu estilo de vida. É esse o patamar de independência financeira mais alto.
A partir desse momento, você poderia se envolver com trabalhos mais interessantes ou estratégicos para você, ou mesmo você poderia fazer como eu creio que faria: focaria em ações voluntárias em causas humanitárias e/ou ambientais, sem precisar de contrapartida financeira.
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Agora, se essa independência financeira é um objetivo para você, outras reflexões se desencadeiam:
Estou disposto a gastar menor e investir mais para acelerar a criação do meu patrimônio?
Até quanto estou disposto a - por meio dessa redução de gastos - dizer não para prazeres do presente?
Lembre-se que essa jornada não é necessariamente linear, ou melhor, previsível e vagarosa.
Você pode empreender e isso dar muito certo, acelerando sua caminhada. Você pode encontrar boas oportunidades no mercado imobiliário. Também é possível que você aprenda a investir cada vez melhor, e aloque seus recursos de maneira super inteligente e lucrativa.
Mas, para qualquer dessas opções, acabamos enfrentando certos dilemas.
O quanto do meu tempo eu deveria dedicar ao estudo? E que tipo de estudo?
Para onde me leva a carreira que estou levando?
O que posso fazer para aumentar minha renda?
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É esquisito pensar nisso tudo, porque desperta várias reflexões sobre a vida como um todo e como o nosso ciclo de vida, às vezes, é engessado. Mas, a conclusão mais razoável para mim é que a riqueza verdadeira é ser dono do próprio tempo.